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quarta-feira, 17 de agosto de 2005

Bel-Ami



Vi um filme francês chamado “Bel Ami”. De uns tempos para cá, estou obcecada pelo cinema francês. Mas isso não vem ao caso agora. O que interessa realmente é a história: a de um jornalista corrupto, inescrupuloso, que se utiliza de contatos (leia-se amantes) para subir na vida e na profissão.

A cada dia fico mais triste com o que está acontecendo com o mundo e com o jornalismo, com a profissão que escolhi. No entanto, o que mais me entristece é saber que a “sacanagem” sempre existiu e sempre existira. É isso mesmo! Por mais que lutemos para mundo a cruel realidade a nossa volta, é (quase impossível mudá-la).

Lembro quando sonhava em comover o universo com minhas histórias, em fazer algo útil pela sociedade. Agora vejo que – talvez - não passou de uma ilusão. O próprio mundo não quer (ou talvez não aceite) ser mudado. O que vi durante os anos da faculdade foram ideologias caindo, cortinas se abrindo e a verdade (aquela verdadeira) aparecendo.

O jornalista não passa de um assalariado, o jornal de uma mercadoria, um negócio. É duro acreditar, mas é assim que é. Aqui não cabem interrogações, porém apenas “pontos finais”. Uma passagem do filme (que se passa na época da colonização da Argélia e do Marrocos, portanto deve ser no século...) me fez ratificar minha opinião. O chefe da redação diz ao aspirante à jornalista: “Isso aqui só serve para sustentar os negócios do Monsieur Walter [dono do jornal] , mesmo assim você quer continuar?”

É para isso que servimos... outra cena marcou minha visão do filme e do que é ser um jornalista e me fez refletir um pouco. Tendo que duelar por conta de uma notícia, o jornalista Georges Duroy comenta: “Será que não existe uma vida mais fácil?” Em um certo momento, ele questiona o motivo de fazer aquilo, arriscar a vida, por conta de uma informação.

Sem contar que nem sempre o que se lê nos jornais é verdade. A ghost writer de Duroy diz a ele que “é preciso enfeitar a realidade, floresce-la” para não torna-la enfadonha. Depois que comecei a estudar jornalismo, pergunto a mim mesma o que seria verídico ou não. Deixo claro que não quero ser a dona da verdade, só não pretendo ser iludida. Se bem que a verdade é bem relativa e nenhum ser humano é totalmente imparcial.

A todo momento atormento-me por, no dia de minha formatura, ter que fazer um juramento que não sei se serei capaz de cumprir e... quantas pessoas já não o quebraram e quantas ainda não farão o mesmo?

Chamem-me de pessimista, mas se pararem para pensar...

Le journalisme dans Bel-Ami

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