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quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

"Die Helden" do Pop-rock alemão

Pop-rock feito com bom humor, um leve tom sarcástico, algumas letras um pouco melosas, outras um tanto debochadas... O nome da banda? Com todas essas descrições, provavelmente, vocês tenham um palpite sobre a nacionalidade dela? Quem pensou “alemã”, acertou! “Wir sind Helden” (dá para perceber o tom irônico deles até pelo nome, não?) é um quarteto formado por: Judith Holofernes, Pola Roy, Jean-Michel Tourette e Mark Travassol.

A banda é bastante engajada com a arte; não por acaso. A cantora – Judith Holofernes – estudou na Universidade de Arte de Berlim, inclusive a assinatura da vocalista faz alusão a um tema bem corriqueiro da História da Arte. Holofernes era um dos generais de Nabucodonosor II. Foi Judite, cuja história está no livro homônimo no Antigo Testamento, que o decapitou. A Judith de Wir sind Helden, na verdade, chama-se Judith Holfelder von den Tann.

Wir sind Helden também está muito ligada à Escola de Hamburgo, a qual surgiu como uma resposta ao rock cantado em inglês na década de 80. Esse movimento voltou a estar em voga ao reunir grupos alemães classificados como “indie” e que se formaram na década de 90, tendo-se como exemplos Blumfeld, Tomten e Die Sterne.

O primeiro disco – Die Reklamation (2003)– tem como principais sucessos Die Zeit heilt alle Wunder, Denkmal e Aurélie. Nesta última canção mencionada, o grupo conta a história de uma francesa chamada Aurélie que vai a Alemanha em busca de um grande amor, porém acredita que ninguém gosta dela, pois não entende “os alemães flertam sutilmente”.

Já o segundo trabalho – Von hier an Blind (2005) – tem músicas que lembra um pouco o feito na década de 60. O CD chegou a alcançar o primeiro lugar no Top 100 alemão. Um hit que não sairá da sua cabeça, caso resolva escutar os garotos, é Nur ein Wort. As músicas também fazem uma leve crítica ao show business. Von hier na Blind é o nome de uma das canções que foi gravada também em japonês (Sa itte miyou).

O álbum mais recente se chama Soundso e foi lançado em 2007. Nesse trabalho, a banda possui um ritmo mais frenético, músicas mais aceleradas. Destaque para Soundso (com uma versão francesa: T’es comme ça), Für nichts garantieren, Soundso e Kaputt.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Ajude Santa Catarina

domingo, 16 de novembro de 2008

Ich liebe dieses Leben...

A vida tem sempre altos e baixos, mas quem não a ama? Pode ser clichê, porém quando uma vida se inicia todos comemoram: os pais, os amigos, toda a família se reúne; quando ela termina, novamente todos se juntam, só que dessa vez é para chorar por quem "partiu".

Posso estar com mania de querer compreender tudo, de ver filosofia nos mínimos detalhes... Mas acho esse clipe da banda alemã Juli filosofia pura. Até os que não entendem nem um "ja" podem observá-lo e ver se não é isso mesmo.

A cantora se joga do prédio, todavia, alguns minutos depois, já caída, com as pessoas ao redor dela, arrepende-se e volta no tempo. Ao fazer esse retorno, ela começa a ver as pequenas coisas da vida que são as que dão sentido ao verbo viver... As crianças, os namorados, um casal de idosos dançando, a família reunida.

No entanto, as frase que me chamas mais atenção são: "Was soll das sein? Wo soll ich hin?
Wo sind meine großen Helden hin?" (O que isso deve ser? Para onde eu devo ir? Para onde foram meus grandes heróis?) É aí que eu vejo que talvez não seja mais jovem, pois careço de grandes heróis (digo, grandes exemplos na política, pensadores que me dessem uma vontade enorme de estudar) e, como dizia Anatole France, "O que a juventude tem de melhor é a capacidade de admirar sem compreender". Já não consigo admirar o que não compreendo. E salve a filosofia!

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

L'Union fait la force!

1789. Ano da Revolução Francesa, correto? Sim!! Mas também é o ano que dá início a uma revolução a qual quase ninguém dá importância, a de um país que é esquecido pela maioria da população mundial: o Haiti. A Revolução Francesa, com o lema “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”, alimentou o espírito revolucionário em diversos países, inclusive no Brasil. No entanto, uma pequena ilha caribenha teve mais sucesso do que outras colônias que almejavam a independência.

A história do Haiti é repleta de revoltas e de luta pela liberdade. Foi lá que Cristóvão Colombo desembarcou em 1492 ao descobrir a América. A Ilha foi batizada como Hispaniola. Cerca de 100 anos depois, no final do século XVI, a população indígena – aruaques – já estava quase que completamente dizimada. E, foi nessa mesma época, que a Espanha cedeu parte do território da ilha à França.

O objetivo francês era ter colônias de povoamento na América visando um bom posicionamento militar, o qual pudesse favorecer um ataque às colônias da metrópole mais rica da época: a Espanha.

Aos poucos, as Antilhas foram se apresentando como uma grande fonte de renda. “As condições climáticas das Antilhas permitiam a produção de um certo número de artigos – como o algodão, o anil, o café e principalmente o fumo – com promissoras perspectivas nos mercados da Europa”, diz Celso Furtado no livro Formação Econômica do Brasil.

Com a expulsão dos holandeses do Brasil, as Antilhas se mostraram um local apropriado para o cultivo da cana-de-açúcar. Então, o perfil do morador das Antilhas foi mudando. Precisava-se de mão-de-obra escrava. As colônias de povoamento com objetivos militares deram lugar a colônias de exploração, sendo o principal intuito o econômico.

Em 1789, o Haiti era a colônia francesa mais próspera. Nessa época, chamava-se Saint Domingue e era o maior produtor e exportador de açúcar do mundo. Saint Domingue era responsável por 40% do açúcar mundial, 50% do café consumido no continente europeu, além de 35% do comércio internacional da França.

Nessa época, a França passava por transformações drásticas. O mundo olhava para os franceses e tentava imitá-los. Não foi diferente com as colônias francesas. Após a Revolução Francesa, tão liberalista e clamando por direitos, Saint Domingue espera ter sua independência proclamada, o que não aconteceu. A decepção dos mulatos e dos negros alforriados ensejou uma revolução em 1791, cujo principal líder foi Toussaint L’Overture. Desde então, até 1803, Saint Domingue foi invadida pela Espanha, Grã-Bretanha e até por Napoleão, o qual queria restabelecer o regime escravista. Mas nem mesmo ele foi capaz de reconquistar a ilha; o fracasso foi tão imenso que ele perdeu 40 mil dos seus melhores soldados.

Em 1801, Toussaint conquista Santo Domingo (colônia espanhola) e unifica o país. Havia uma grande baixa populacional: cerca de 75% dos brancos e 40% dos mulatos tinham sido mortos ou haviam emigrado.

Em 1º de janeiro de 1804, Jacques Dessalines proclama a independência de Saint Domingue e se intitula imperador. Foi a partir daí que o país passou a se chamar Ayti, que, para os ameríndios da tribo Taïnos, significa “a terra das altas montanhas”.

Com a saída dos europeus - e com eles a tecnologia – o Haiti passou a viver de uma economia de subsistência e a empobrecer. Da metade do século XIX até o início do século XX, 14 dos 20 governantes haitianos foram mortos ou depostos.

Os Estados Unidos, com a desculpa de que estavam protegendo interesses estadunidenses no local, ocupou o país de 1915 a 1934. alguns anos depois, em 1957, François Devalier (o Papa Doc) instaurou a ditadura, perseguiu a Igreja Católica e exterminou todos aqueles que mostrassem contra dele. Em 1971, ele faleceu e quem o substituiu foi o filho Jean-Claude Duvalier, o Baby Doc. Mas Jean-Claude não agüentou a pressão popular, decretou estado de sítio, fugiu para a França e deixou em seu lugar o general Henri Namphy. Depois de ter sido governada por mais dois generais realizaram-se eleições presidenciais em 1990, da qual o vencedor foi Jean-Bertrand Aristide.

Só que Aristide foi deposto, apenas um ano depois, por um golpe liderado pelo General Raul Cedras. O grande número de imigrantes haitianos nos Estados Unidos, fez com que os norte-americanos pressionassem o governo haitiano para a volta de Aristide ao poder. Em setembro de 1994, Aristide voltou ao poder, no entanto, o país estava mergulhado no caos.

Acusou-se Aristide de fraudar as eleições parlamentares e presidenciais, em 2000. Três anos depois, a oposição pedia a renúncia dele. A falta de acordo entre o governo e a oposição alimentou diversos conflitos civis mergulhando o Haiti em uma catástrofe sem tamanho. Aristide se exilou na África do Sul e o presidente da Suprema Corte – Bonifácio Alexandre – assumiu o governo interinamente e pediu a intervenção da Organização das Nações Unidas (ONU).

O Conselho de Segurança, então, aprovou o envio de tropas ao Haiti, a chamada Força Multinacional Interina (MIF). Em 2004, também foi criada a Minustah – Mission dês Nations Unies pour la stabilisation en Haiti – cujo comandante designado foi o General Augusto Heleno Ribeiro Pereira (do Exército brasileiro).

A partir de então, o Exército do Brasil passou a enviar tropas para o Haiti com o objetivo de contribuir para a segurança no país. O contingente é revezado a cada seis meses e o treinamento, feito pelo Centro de Instrução de Operações de Paz (Ciop Paz) é meticuloso para preparar centenas de soldados para a missão de auxiliar na reconstrução haitiana. São realizadas diversas ações, entre as quais as sociais. A permanência da tropa brasileira é aprovada por 78% da população do Haiti.

Outras nações - como a Argentina, o Sri Lanka e a Jordânia - fazem parte da Minustah colocando em prática a divisa haitina: L’Union fait la force (a União faz a força).

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Transgredir para não transgredir

Gestos, gritos, confrontos, correria, pulos... você pensa em que ao ler esses substantivos? Uma briga, um assalto, talvez? Quem sabe até uma guerra? Não, não... esqueça... leia novamente: “Gestos, gritos, confrontos, correria, pulos...”. Pensou em algo mais? Se você disse festa, acertou!

Não se espante, mas, segundo o sociólogo francês Roger Caillois, tanto a guerra quanto a festa tem as mesmas características: transgressão de regras, extinção do proibido, liberação de uma energia destrutiva. Só que, essa energia tem como finalidade reforçar as estruturas sociais existentes. Como?

A festa é uma válvula de escape. Em festas como o Carnaval, por exemplo, as pessoas saem do cotidiano e se permitem transcender o que são, fazer o que quiserem sem pensar muito nas conseqüências; afinal, na festa (quase) tudo é permitido. A contradição está no fato de que toda essa impulsividade em eventos festivos ocorre porque se tem a certeza de que quando a festa acabar, voltar-se-á para a mesma rotina, a qual pode ser monótona, porém é segura; ao contrário da festa cujo império é o da imprevisibilidade.

Pode-se perceber também que, as festas são mais intensas nos países onde há maior número de leis, uma forte regulamentação, como no caso do Brasil, onde só entre 1988 e 2006 foram criadas 3.709 leis apenas no âmbito federal. Aproveita-se a festa como se ela fosse a última da vida, como se “aquele dia” fosse o último na Terra. Então, burlar o proibido, transgredir as regras torna-se excitante.

De acordo com Roger Caillois, no livro L’Homme et le Sacré, “a vida regular, ocupada com os trabalhos cotidianos, pacifica, enquadrada em um sistema de interdições, cheio de precauções, cuja máxima é quieta non movere mantém a ordem do mundo, opondo-se à efervescência da festa. Esta, se considerarmos os aspectos extrínsecos, apresenta características idênticas em qualquer nível de civilização. Ela implica um grande massa de pessoas agitadas e barulhentas. Esse comportamento massivo favorece, eminentemente, o nascimento e a exaltação que se transforma em gritos e gestos e que incita a abandonar-se sem controle aos impulsos mais impensados”.

A festa é antagônica, ela existe para que a paz e a ordem continuem, para que as pessoas tenham momentos de “insanidade”, porém, ela poderia ser considerada como algo intrínseco e necessário à sociedade. É uma liberdade, porém sem deixar de ser controlada. Um abandonar-se para voltar aos enquadramentos sociais assim que a festa acabar. Algo como se fosse um transe, um lapso temporal no qual se pode escolher uma personagem que se quer representar.

“Compreende-se que a festa é um paradoxo entre a vida social e que rompe violentamente os problemas sobre a existência cotidiana. Ela aparece ao individuo como um outro mundo onde ele se mantém e se transforma por forças que o ultrapassam. Sua atividade rotineira, de colheita, caça, pesca ou de criação não fazem que ocupar seu tempo e atender as suas necessidades imediatas. Ele, com certeza, as faz com atenção, paciência e habilidade, porém, mais profundamente, ele vive uma lembrança de uma festa e na espera de uma outra, pois a festa é para ele, para a sua memória e para seu desejo, o tempo das emoções intensas e da metamorfose do seu ser”, analisa Roger Caillois.

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Dicas de viagem: Sul da França

A região de Languedoc-Roussillon fica ao Sul da França, já na divisa com a Espanha. O local ganha ares especiais e recebe bastante turistas durante o verão europeu. E, se você acha que já está acostumado cm o calor brasileiro, poderá se surpreender ao ver os termômetros marcando mais de 35ºC. Apesar do calor, o clima, na maior parte das cidades, é seco; por isso, não esqueça do hidratante ou sentirá na pele os efeitos do clima mediterrâneo!

Uma das grandes surpresas (e, na minha opinião, uma das cidades mais belas da França) é Nîmes, localizada no departamento de Gard. É lá que se pode visitar Les Arènes, o “coliseu” francês. Trata-se do anfiteatro, construído durante o Império Romano por volta do século primeiro , mais bem conservado do mundo! Para quem gosta de touradas, é também lá que acontecem as “corridas”, como chamam os franceses. Os grandes shows de Nîmes, como o de Radiohead em junho, ocorrem nesse monumento colossal. Em frente às Arenas há uma estatua em homenagem a um famoso toureiro – Nino II - que se suicidou depois de ter ficado paralítico por conta de um acidente numa tourada.

Mas a riqueza cultural nimosiana não pára. Como os romanos descobriram que havia água no local, estabeleceram-se na cidade e construíram aquedutos, além de deixarem sua marca em toda a arquitetura. A Maison Carrée é uma delas. O lugar era utilizado pelos romanos para se dirigirem aos deuses e fazer-lhes perguntas. O visitante pode assistir, dentro da Maison Carrée um filme em 3D explicando o significado do lugar e um pouco da história de Nîmes, sempre associada à água e aos gladiadores.

A Tour Magne é outro ponto turístico que merece ser visitado. O templo de Diana não está totalmente intacto, porém a vista é magnífica, sem falar no jardim ser uma ótima opção para piqueniques no verão. Falando em jardim... foi em Nîmes, e não em Paris, que se fundou o primeiro jardim público da França. E, quebrando-se um mito, foi em Nîmes que o jeans (o tecido) foi criado.

Perto de Nîmes encontra-se a pont du Gard, aqueduto feito pelos romanos para aproveitar a água. Ele é imenso e repleto de turistas de todas as nacionalidades que lá vão para fazer piqueniques, bronzear-se e banhar-se nos rios. Tanto na rive gauche quanto na rive droite há opções de lazer, exposições, museus, restaurantes, entre outras formas de entretenimento.

Languedoc-Roussillon tem variedades para todos os gostos. Quem quiser ir para uma feirinha e encontrar tudo – desde roupa egípcia até vinhos – é só ir à pequena Uzès, conhecida por ter sido residência dos nobres franceses e onde ainda vivem pessoas de classe alta.

Mas vamos falar em praias, um assunto que interessa grande parte dos brasileiros e 100% dos europeus durante o verão. Saintes-Maries-de-la Mer é uma comuna do departamento de Provence-Alpes-Côte d’Azur, que fica no departamento de Bouches-du-Rhône. Nessa comuna há uma “miniatura” de praia e diversas embarcações que fazem passeios com turistas.

Mais ao sul, localiza-se Collioure, um vilarejo de Languedoc Roussillon do departamento dos Pyrinées Orientales (Pirineus orientais). A praia é cheia de pedras, o que fornece ao viajante uma bela imagem do pôr-do-sol. Depois de banhar-se no Mar Mediterrâneo, o viajante pode optar por um jantar em um dos infinitos restaurantes do local. Tem cozinha italiana, creperia... oh lala!! Ah... e os vinhos! Os produzidos em Collioure são considerados um dos melhores da região.

Vamos mais ao sul? Então, tá... chegaremaos à Perpignan ou Perpinyà, em catalão. Assim como Collioure, Perpignan faz parte da Catalunha, sendo a maior cidade da conhecida “Catalunha do Norte” (a que fica no território francês).

Mesmo sendo de médio porte, Perpignan é uma cidade cheia de universitários e de sofisticação. Há lugares nos quais é um pouco perigoso andar, por se tratar de uma região fronteiriça, da maior cidade antes da Espanha, mas nada que aterrorize. Em junho a cidade é cenário do Les Estivales, festival no qual se apresentam grandes bandas internacionais e locais, sem contar nas inúmeras apresentações de teatro. E, quem gosta de música, não pode perder as Jeudi de Perpignan, que consiste em diversos espetáculos musicais, os quais começam a partir das 17h30.

Os ávidos por compras também vão achar Perpignan um paraíso, pois existem inúmeras lojas nas cidades, desde as mais populares às mais sofisticadas. E os amantes de história não poderão deixar de visitar o castelo dos reis de Maiorca. Já os aventureiros podem escalar o monte Canigou, sagrado para a cultura catalã.

Uma “furada” é a gare de Perpignan. Salvador Dali disse que ela era o centro do mundo, mas quem vai lá deve pensar geralmente a mesma coisa: que ele estava fora de si quando disse isso! Quem for sair de Paris em direção à Perpignan de trem tem que se ligar que são cinco horas de viagem, já que, apesar do trem ser chamado de TGV, a velocidade do mesmo ainda é a de um trem normal. No entanto, uma nova estação vai ser construída para se possa instalar linhas especiais para o TGV (trens de grande velocidade). Uma linha ligará Perpignan à Barcelona e, o trajeto que se faz em pouco mais de duas horas de carro, poderá ser feito em torno de 30 minutos. Quem quiser economizar um pouco pode pegar o IDTGV, cuja reserva e impressão dos bilhetes são feitas online. Só não perca o trem ou o seu dinheiro não será reembolsado... Essa é uma das desvantagens em comparação ao tradicional TGV.

Mas, fazendo um parêntese no capítulo Languedoc-Roussillon, não deixe de visitar Avignon. A cidade é incrível! Foi a única, fora o Vaticano que serviu de residência para os papas. E, em junho e julho, ela ainda fica mais charmosa graças aos Festivais In e Off. O primeiro é mais sofisticado e caro, enquanto o segundo é mais alternativo e possui centenas de peças de teatro. Cinemas, escolas, galpões, ruas... tudo vira teatro em Avignon. Os inúmeros cartazes, espalhados pela rua, dão um toque especial, como se transformassem caos visual em cenário de uma bela paisagem em Avignon, em uma obra de arte.

Alors, bon voyage!

sábado, 16 de agosto de 2008

Radiohead e a China

Num momento em que os olhos estão voltados para a Ásia e as Olimpíadas de Pequim, no qual todos só pensam na vitória, na união... acho conveniente dar uma olhadinha no clipe feito por Radiohead - All I need. Não precisaria de comentário algum, as imagens falam por si; dois mundos completamente distintos, mas tão interligados. É bom pensarmos na "economia" que fazemos quando vemos a etiqueta "Made in China". Fica aí o clipe, pois acredito que Tom Yorke aborda o assunto muito melhor do que eu.


quinta-feira, 19 de junho de 2008

O sucesso de Pushing Daisies

Quem é fã de Amélie Poulain provavelmente ficará viciado na série estadunidense Pushing Daisies. O próprio criador – Bryan Fuller - assumiu que a inspiração veio do filme francês. As cores, sempre vibrantes e dando a impressão de que se está numa pintura, num mundo de faz de conta, no qual os personagens poderiam ser “bonequinhos”, dão um diferencial e também ajudam a prender a atenção do telespectador.

O enredo é simples, leve, com uma pitada de humor negro, pois o tema é a morte e um amor difícil, porém não impossível, um amor que atravessou a barreira até mesmo da morte e que tem que conviver com o fato das personagens principais – Chuck (Anne Friel) e Ned (Lee Pace) – não puderem se tocar. Entretanto, eles sempre arrumam uma maneira para demonstrar o infinito sentimento que sentem um pelo outro.

Ned descobriu, aos nove anos, que tinha um dom, o qual o traria bastante problemas. Todas as pessoas nas quais ele tocasse, morreriam. Com um segundo toque, Ned as ressuscitaria, porém, caso o ressuscitado passasse mais de 60 segundos vivo, outra pessoa morreria em seu lugar.
O garotinho cresceu e se tornou um confeiteiro, com uma loja especializada em tortas. As frutas com que ele faz as tortas geralmente são velhas, podres, todavia elas ficam perfeitas ao serem tocadas por Ned.

Mas, obviamente, que um triangulo amoroso não poderia faltar. Olive (Kristin Chenoweth), que trabalha na confeitaria, é apaixonada por Ned, aparentemente a única que ele pode tocar sem que perca a vida.

O seriado tem inúmeras parábolas e lições imersas no enredo e essa é uma delas... estar tão perto da pessoa querida, porém não poder tocá-la ou até mesmo ser criativo e ultrapassar barreiras para que no final o amor e a amizade vençam, como no caso de Ned e Chuck que usam diversas artimanhas para se sentirem um pouquinho mais próximos.
Outro diferencial da série é a duração. A primeira temporada de Pushing Daisies foi bem curtinha, tendo apenas nove capítulos. Uma nova temporada está prevista para estrear nos Estados Unidos em setembro.

Pushing Daisies concorreu a diversos prêmios dentre eles ao Globo de Ouro nas categorias: melhor atriz (Anne Friel), melhor ator em série – comédia ou musical (Lee Pace) e melhor série – comédia ou musical.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Jornalismo e desinformação

O papel do jornalismo é informar, mas será isto ocorre realmente? A forma como as matérias são redigidas favorecem o entendimento? O que prevaleceria na hora de veicular alguma notícia? Leão Serva tenta responder a estas e outras perguntas no livro Jornalismo e desinformação. “No caso do jornalismo atual, a surpresa advém ainda menos da natureza do evento e mais do próprio processamento jornalístico”, fala Serva.

As notícias são separadas em editoriais, porém isso não impede que tenha, por exemplo, economia em uma matéria do caderno de esportes. A avaliação da importância das notícias pelas editoriais é que faz a diferença entre os jornais.

Mas será que essas notícias são bem compreendidas pelos leitores? Elas são veiculadas, na maioria dos casos, sem contexto fazendo quem ler pensar se tratar de uma novidade. Um exemplo utilizado no livro é o da Iugoslávia, pois os conflitos são reflexos de centenas de anos de brigas internas e desavenças éticas, que culminaram com o ocorrido em Kossovo, na década de 90.

Para Serva, “a notícia é apenas uma parte da história, um fotograma de um filme de longa metragem”, por isso não pode ser compreendida isoladamente. Mas quase nenhum veículo está disposto a analisar as causas das matérias, eles apenas publicam as conseqüências. É preciso que o leitor esteja “desinformado”, ache tudo uma surpresa para comprar o jornal.

A informação é deformada devido a alguns casos de “submissão” (quando um fato tem uma edição que não permite ao receptor entender e deter a real importância do ocorrido ou até mesmo o significado). A desinformação funcional e a saturação são imposições do sistema econômico, controlador da economia da informação, indústria e comércio de signos. O leitor “compra” tanta informação que não consegue organizá-la. “O ‘Grande Irmão’ não nos olha, mas nos obriga a olhar para ele permanentemente.”

As grandes empresas necessitam eliminar a voz do cidadão, como “na sociedade democrática não é possível retirar do receptor o poder de emissão, então esse processo é feito através da saturação dos canais de emissão”. O excesso informativo é causa da perda de poder individual, o primeiro seria o de manipular informações.

As matérias são reduzidas com o propósito de facilitar o entendimento, mas nem sempre isso acontece. Há casos distintos de redução: um em busca da uniformidade, já que histórias complexas não podem ser vinculadas; por parcialidade, que implicam elementos culturais e ideológicos implícitos, além da observação de campo. E quando se isola e descontextualiza um fato, ele perde a essência.

A busca pelo “novo” faz os desdobramentos de algumas notícias serem esquecidos. Dessa forma é imposta “a desinformação sobre as conseqüências a longo prazo de fatos que um dia soaram surpreendentes ou sobre as origens de longo prazo de fatos que o surpreenderão em outro momento”.
O “esquentamento das notícias” trata-se aberturas novas a textos relacionados a fatos anteriores. Mesmo quando se tem um desfecho previsto, a imprensa dá um jeito de tornar a situação numa novidade.

Leão Serva resuma esta situação quando diz que “a técnica jornalística, tal como é entendida e praticada hoje – confecção de produtos compostos de informações -, não atende ao objetivo de permitir a compreensão dos acontecimentos, mesmo daqueles que porventura venham a se tornar fatos de interesse para a cobertura de imprensa”. Esse processo do jornalismo causa a incompreensão porque não leva em consideração o passado nem o presente. Até o formato do lide não ajuda o entendimento das matérias, pois se redige primeiro o fato desconhecido.

O jornalismo é que unifica sociedades que vêem o tempo de maneiras diferentes. O consumidor, no caso o leitor, e a personagem permanecem distantes, cada um com sua tradição cultural, mais uma fator que dificulta a compreensão e facilita a desinformação.





Para saber mais:

Jornalismo e desinformação
Autor: Leão Serva
Editora: Senac
ISBN: 8573591927
Ano: 2001
Edição: 1
Número de páginas: 144

domingo, 20 de abril de 2008

Dia mundial do livro

No dia 23 de abril comemora-se o dia mundial do livro. Vamos fazer com que as crianças e os jovens descubram o prazer da leitura!!







domingo, 6 de abril de 2008

Greenpeace

Ainda dá tempo de salvar o mundo. Faça a sua parte!

sexta-feira, 28 de março de 2008

Se todos se importassem...

Este post é dedicado a todos aqueles que lutam por um mundo mais igual e justo, para os que não perderam a fé de que ainda é possível haver uma mudança. E também para os que não acreditam. Talvez, ao olhar os exemplos do vídeo, sintam-se tocados.


quinta-feira, 20 de março de 2008

Noam Chomsky, Timor Leste e os discursos oficiais e oficiosos

O terror do Timor Leste, em 1999, poderia ter sido evitado. Aliás, não só ele, como o de Ruanda, o do Quênia e de tantos outros países. Ele poderia ter sido evitado se os Estados Unidos (país auto-intitulado como o “guardião do mundo”) não tivesse, primeiramente, colaborado com as milícias ou se, ao menos, tivessem tomado providências simples como apenas um diálogo com as forças armadas indonésias (TNI).

A Indonésia invadiu o Timor Leste (ex-colônia portuguesa) três dias após sua independência, em 1975, com o apoio diplomático dos EUA e com armas fornecidas pelos estadunidenses. Segundo Noam Chomsky (no capítulo “Sinal verde” para os crimes de guerra do livro Uma nova geração define o limite) “bastaria, muito provavelmente, que os Estados Unidos e seus aliados retirassem a sua participação e informassem a seus sócios no comando militar indonésio que as atrocidades tinham de terminar e que era preciso assegurar ao território a autodeterminação estabelecida pelas Nações Unidas e pelo Tribunal Internacional de Justiça”.

Mas os EUA tinham medo, pavor de que a Indonésia (um país visto como independente e democrático) caísse nas mãos dos soviéticos. E nada mais do que a sede pelo poder moveu a estratégia político-diplomática estadunidense. No texto de Chomsky, ele afirma que, na época, dois especialistas na Ásia do New York Times explicaram que “a administração Clinton ‘calculou que os EUA precisam pôr suas relações com a Indonésia, um país de grande riqueza mineral e mais de 200 milhões de habitantes, acima de considerações sobre o futuro do Timor Leste, pequeno e empobrecido território de 800 mil habitantes que busca a independência”. Poder-se-ia presumir, dessa forma, que a Indonésia era extremamente importante, já o Timor Leste, algo irrisório. Porém os EUA sabiam que era preciso ter controle sobre aquele local. Necessitava-se de passar pela crise - que culminou na morte de milhares de timorenses - com segurança, pois aquela ilha não passava de um “quebra-molas” na relação Indonésia-EUA.

5 de maio de 1999 foi o dia no qual Indonésia e Portugal, apoiados pela Organização das Nações Unidas, concordaram que cabia ao povo escolher se o Timor Leste seria ou não independente. O referendo foi marcado para 8 de agosto, depois adiado para o dia 30. Meses antes, quando o então presidente B. J. Habbie (em maio de 1998, Suharto, por sugestão dos Estados Unidos, deixara o cargo para Habbie, vice-presidente) anunciara uma escolha democrática, as intimidações se iniciaram. Os timorenses não temeram e, numa demonstração de cidadania e patriotismo, foram às urnas – alguns saíram até de esconderijos – e cerca de 80% da população foi a favor da independência.

A alegria virou dor... De acordo com a ONU, os paramilitares e o TNI expulsaram aproximadamente 750 mil timorenses dos 880 mil que habitavam a ilha. A maioria foi para o Timor Oeste indonésio. 70% do país foi destruído e cerca de 10 mil pessoas foram mortas.

Os Estados Unidos não podiam deixar o mundo olhar para o Timor Leste, pois quem treinou a milícia?! Era preciso chamar a atenção para Kosovo e fazer a mídia focalizar-se nesse outro drama. “O apoio direto dos EUA à ocupação Indonésia ficou mais difícil depois que centenas de pessoas foram massacradas em Dili em 1991, atrocidade que não poderia ser suprimida ou negada porque foi secretamente filmada pelo repórter fotográfico Max Stahl e exibida pela televisão na Grã-Bretanha e nos EUA, e porque dois jornalistas americanos, Alan Nairn e Amy Goodman, que foram severamente espancados, puderam fazer reportagens como testemunhas oculares. Como reação a isso, o Congresso proibiu a venda de armas de pequeno porte e cortou verbas destinadas a treinamento militar, obrigando o governo Clinton a recorrer a manobras intrincadas para escapar das restrições legislativas, como fazia com relação à Turquia na mesma época”, alega Chomsky.

Noam Chomsky, como teórico crítico, tenta apresentar a diferença do discurso oficial para o “oficioso”. Um exemplo disso é quando ele fala o seguinte: “O Departamento do Estado comemorou o aniversário da invasão indonésia determinando que ‘a lei do Congresso não proíbe que a Indonésia pague pelo treinamento com seus próprios recursos”, de modo que o treinamento poderia prosseguir, apesar da proibição, com Washington provavelmente tirando dinheiro de algum outro bolso. O anúncio foi pouco noticiado e comentado na imprensa, mas levou o Congresso a expressar sua ‘indignação’, reiterando que ‘era e é intenção do Congresso proibir treinamento militar para a Indonésia’ (Comissão de Apropriação da Câmara): ‘Não queremos que funcionários do governo dos EUA treinem indonésios’, reiterou um funcionário, com veemência, mas inutilmente.”

O discurso oficioso britânico, conforme afirmava o ministro tatcherista, Alan Clark era: “Minha responsabilidade é para com o meu povo. Na realidade não me preocupo muito com o que um grupo de estrangeiros está fazendo com outro grupo de estrangeiros. Enquanto o oficial era o de “um novo humanismo”, no qual EUA e Grã-Bretanha davam-se as mãos.

O embaixador dos EUA na ONU, Richard Holbrooke, durante o governo Carter, era responsável de seguir à risca o apoio às agressões e matanças, contanto que, a Indonésia não caísse nas mãos dos comunistas. Até essa época (entre as décadas de 70 e 80), 200 mil pessoas morreram. “A história é reconstruída, entretanto, para oferecer uma imagem diferente. Desfeito o passado, Holbrooke é apresentado como um herói da ‘mais rápida reação [a atrocidade] na história da manutenção da paz pela ONU’, e ‘a primeira vez na era pós-Ruanda e pós-Srebrenica em que o Conselho de Segurança enfrenta de imediato uma situação de emergência’ – ou seja, depois que o país foi destruído e sua população expulsa ou morta, de acordo com planos que seguramente eram conhecidos de antemão em Washington.”

É preciso se ter a coragem do povo timorense para lutar e dizer NÃO a tudo o que for contrário à democracia. Diz Chomsky que “a história não começa em 1975. O Timor Leste não tinha sido deixado de lado pelos planejadores do mundo pós-guerra. O território deveria ter se tornado independente, cismava o principal conselheiro de Roosevelt, Summer Welles, mas ‘isso levaria certamente mil anos’. Com uma coragem e uma firmeza dignas de admiração, o povo do Timor Leste lutou para desmentir essa previsão, suportando desastres monstruosos”. Que isso nos sirva de lição.

Para saber mais:



Uma nova geração define o limite

Editora: Record
ISBN: 8501063983
Ano: 2003
Edição: 1
Número de páginas: 174




Timor Leste - O Massacre que o Mundo Não Viu

Diretora: Lucélia Santos
Tempo: 75 minutos
Ano de Lançamento: 2005
Recomendação: 14 anos
Legenda: Espanhol, Português, Inglês
Idiomas / Sistema de Som:
Português - Dolby Digital 2.0
Português - Dolby Digital 5.0
Pais de Origem: Brasil

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Novidades

Oi pessoal,

tenho novidades... acredito que alguns tenham notado que agora também é possível acessar o site pelo www.entraporosmose.com . Além disso, há um novo blog: o Entrelinhas (www.entrelinhas.info). É um site que nasceu da necessidade de compartilhar uma grande paixão: a leitura.

Esse espaço é plural, eclético, não vai ficar destinado a abranger apenas uma categoria de livros. Na medida do possível, o leitor encontrará vai ter informações de romance históricos, de livros mais técnicos e até mesmo de literatura destinada aos adolescentes.

As críticas (desde que construtivas...), sugestões, opiniões serão sempre bem-vindas.
Navegue nas entrelinhas e boa leitura!

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Nazaré da Mata, a terra do Maracatu Rural

O som do apito é constante, as vozes e os versos lembrando os repentistas também, o colorido é como algo que só se vê em Pernambucano; a alegria, a garra é outra marca desse povo que passa o ano bordando, atendo-se aos mínimos detalhes para brilhar e encantar pernambucanos e turistas no Carnaval.

Distante cerca de 65 km de Recife, encontra-se Nazaré da Mata, cidade pequena, com pouco mais de 30 mil habitantes, porém que recebe povos de todas as nacionalidades quando a semana carnavalesca se inicia. É lá a terra do Maracatu Rural, o do baque solto - há de se prestar atenção na diferença para o do baque virado, presente nos centros urbanos e cuja influência é de origem negra, ao contrário da do outro, de forte influência indígena.

Os artistas são pessoas bastante humildes, geralmente trabalhadores da zona rural de Nazaré e de cidades vizinhas, os quais vêem no Maracatu mais do que uma brincadeira, uma verdadeira tradição. Dessa maneira, ao se andar pelas ruas de Nazaré, pode-se encontrar caboclos de lança de todas as idades, dos mais pequeninos aos de idade mais avançada.

O Maracatu continua e, com certeza, sempre continuará atraindo admiradores. Até a rainha Sílvia da Suécia se rendeu ao Maracatu quando visitou Pernambuco em 2001 e 2006.

P.S. – Publico algumas fotos feitas por mim em um dos dias de apresentação dos grupos de Maracatu Rural.