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domingo, 4 de setembro de 2005

"É cum a dor!"

Pela primeira vez estou tendo a oportunidade de olhar a colonização brasileiras pelos olhos do colonizador. Não é bem a brasileira, mas... vou explicar...

Estou lendo o livro “Equador” do português Miguel Sousa Tavares na verdade ele é uma ficção, mas tem muito de história portuguesa. O autor mistura a história da colonização de São Tomé e Príncipe com a de Luís Bernardo, um bon vivant que é escolhido pelo rei Carlos dr Bragança para ser governado da menor província lusa na época (início do século XX).

É engraçado porque os Estados Unidos são o que são porque bem herdaram os genes dos ingleses!! Em 1906, o país de Bush não era o império que é hoje. Quem dava as cartas era a Inglaterra, como todos já sabem que acontecia até o final da Segunda Guerra Mundial.

Então... os ingleses, que diziam querer acabar com a escravidão, se incumbiram de fiscalizar os demais países, dentre eles Portugal, para que não fossem mais levados negros da África para as colônias.

Só que muitos negros saíam de Angola para trabalhar em São Tomé... Eles eram “contratados”. Não preciso chegar até o fim do livro para saber que espécie de contratos eram esses...

O papel de Luís Bernardo é fazer com que a opinião do cônsul inglês acerca de São Tomé mude. Portugal não quer ter a imagem de última nação a explorar os negros africanos. Daí, o desenrolar da história não sei (e não contaria para não perder a graça, né?) porque ainda to na página 150 e o livro tem mais de 500! Hehehehe

Mas vamos ao que de fato me chamou atenção. Os ingleses só estavam interessados em tomar São Tomé de Portugal, pois ele era um grande produtor de cacau (só perdia para a Bahia) e com isso usavam o pretexto da escravidão.

Em certa parte do livro, o governador de Angola fala que os preconceituosos não são os portugueses, mas sim os ingleses. O argumento dele? Como se deu a colonização em Angola, por exemplo? Como se deu aqui no Brasil, hein? A diferença da de Angola para a do Brasil é apenas o nome dos países. Como foi que um país pequeno e pouco povoado construiu um verdadeiro império? Era preciso “povoar”!

Os portugueses do Alentejo, os mais pobres e aventureiros que não tinham nada a perder ganhavam fazendas em Angola, viravam “donatários”. Mas para isso era preciso que eles “achassem” a terra, ou seja, embrenhavam-se pelo interior da África. Aqueles que achavam as “fazendas” pegavam uma ou duas negras como “esposas”. A única exigência de Portugal era que se ensinasse o português aos “mulatinhos”. Voilà!! Hoje temos uma África que fala lusófona!!

Já os ingleses preferiam levar a família e tentar a vida num lugar totalmente desconhecido e nunca tinham filhos pardos, não “se misturavam”. É tanto que nos Estados Unidos até hoje existem verdadeiros guetos.

É assim que nascemos também... e não neguemos nossas origens lusas, pois muito do “jeitinho brasileiro” tem da maneira portuguesa de ser, notaram?

* O título foi esse porque se especula que "Equador" venha da contração do português arcaico "É cum a dor".

Ótima entrevista com o autor de Equador!

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