A tese central do texto de Frederic Jameson afirma que o pós-modernismo seria uma extensão cultural do capitalismo tardio. Dessa forma, só existiria onde houvesse o desenvolvimento do capitalismo. Não havendo, portanto, numa sociedade indígena. Deve-se levar em consideração a época na qual a obra foi escrita: anos 80. Nesse período, o mundo passava por transformações, o muro de Berlim caíra. Isso reflete no texto de Jameson.
No pós-modernismo tudo é instável, inconstante, tem-se aversão a tudo que for de longa duração. Ao contrário do modernismo e suas idéias, originárias do final dos anos 50 e início da década de 60. Como exemplo dessa instabilidade tem-se os ataques terroristas de 11 de setembro (nos Estados Unidos) , 11 de março (na Espanha), 7 de julho (Londres). A população está totalmente vulnerável e o imprevisto pode acontecer a qualquer momento. Até o terrorismo é um espetáculo feito para ser televisionado.
Impera a sociedade do simulacro. As coisas são superficiais, não há tempo para nada, e muitas existem sem que se saiba as utilidades delas. A estética, o visual tem um papel relevante, já que como falta tempo para se aprofundar em algo, as primeiras impressões são fundamentais. Daí vem todo o apelo visual encontrado no mundo de hoje.
Nada é novo. A partir do instante que surge, passa a ser velho; graças à velocidade dos meios de comunicação. A humanidade é esquizofrênica - no sentido literal da palavra – haja vista que exerce múltiplos papéis. E essa multiplicidade é decorrente de uma característica do pós-modernismo: a heterogeneidade. Há coisa para todos os gostos, elas convivem paralelamente, como numa “bricolagem”, sem se misturarem.
O que importa é ser diferente. Enquanto no modernismo, “o diferente” estava longe de nós, no pós-modernismo ele está bastante próximo.
Há uma exacerbação da cultura, mas não porque seria um direito do cidadão ou algo do gênero. Essa revalorização ocorre porque a cultura consiste num mercado rentável. Tudo é feito para ser vendido. E, no centro dessa produção cultural estão os Estados Unidos, que fabricam a cultura deles para ser absolvida (leia-se imposta) pelo restante da população mundial. Esse fato não deixa de ser um reflexo da hegemonia econômica e política americana perante os demais países.
Jameson utiliza-se bastante da arquitetura para explicar as características do pós-modernismo. Através dela, prova que o indivíduo está mais propenso ao isolamento. Os grandes edifícios vão se transformando em verdadeiros feudos, onde não é preciso muito esforço para se encontrar o que quer.
O passado também não existe no pós-modernismo, caso igual ao da História, que contada pelos vencidos, estaria passível de erros. Até as produções cinematográficas que têm como enredo temas épicos, estão mais preocupadas em retratar a parte estética, como a arquitetura e a moda. A História fica apenas como uma “atriz coadjuvante”.
Outro aspecto que está em segundo plano no pós-modernismo é o afeto. Trata-se da era da falta de expressão e da ansiedade. “Nossa vida cotidiana, nossas experiências psíquicas, nossas linguagens culturais são hoje dominadas pelas categorias de espaço e não pelas de tempo, como o eram no período anterior do alto modernismo”, escreve Frederic Jameson.
Ao mesmo tempo em que há uma fragmentação na pós-modernidade, existe um sentimento de “coletivismo”, mas no sentido de que as pessoas não passam de números, são vistas como “mais uma”. O autor diz que “o desaparecimento do sujeito individual, ao lado de sua conseqüência formal, a crescente inviabilidade de um estilo pessoal, engendra a prática quase universal em nossos dias do que pode ser chamado de pastiche.” Isso seria “o imitar de um estilo único, peculiar ou idiossincrático, é o colocar de uma máscara lingüística, é falar em uma linguagem morta”.
O pós-modernismo não é para ser compreendido, apenas vivido. Porque do mesmo modo que o passado esmaeceu, não há perspectiva de futuro, não se sabe o que virá depois dele...
3 comentários:
Hmmm, pois é, restou somente a busca pela novidade e diferença numa arara de loja de shoppings, com o "diferente" construido em série para a massa desfrutar sua "individualidade" da semana.
Adorei seu texto, uma síntese muito acessível do conteúdo do livro.
bem sintetizado. gostei, porém faltou a referencia bibliográfica do livro.
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