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quarta-feira, 14 de novembro de 2007

O país hierárquico e a cabeça do brasileiro

“Você sabe com quem está falando?”. É meio difícil nunca ter escutado esta pergunta, a qual se tornou o símbolo da sociedade hierárquica brasileira, segundo sociólogo Roberto DaMatta. Para ele, numa sociedade igualitária, escutar-se-ia sempre em seguida: “Quem você pensa que é?”.

Mas não é assim que acontece em terras tupiniquins. O mito da democracia, de todos juntos convivendo pacificamente no Brasil, não é algo mais além de... mito! Há preconceito tanto racial quanto de classes. O Brasil está longe de ser aquele de Gilberto Freyre em Casa Grande & Senzala. E é isso que quer confirmar, utilizando números através da intitulada Pesquisa Social Brasileira (PESB), Carlos Alberto em seu livro A cabeça do brasileiro.

Uma das questões mais abordadas é a do “jeitinho” brasileiro, já transformado em produto de exportação. Como diz Alberto Carlos, “as vítimas são a lei e a norma”. E no Brasil o que não falta são leis. Há cerca de 181.318, de acordo com dados da Casa Civil. Trata-se de um reflexo da necessidade de regulamentação e interferência estatal no âmbito privado, o que só ocorre devido à falta de consciência de que todos são iguais e de que o meu direito termina quando o do outro começa.

Entretanto, nem tudo está perdido; ainda existe saída e ela seria a educação, conforme se verifica nos resultados da PESB. “A qualidade da democracia aumenta quando a população é mais escolarizada. Mais do que isso, a democracia só é possível em sociedades com níveis mais elevados de escolarização”, diz Alberto Carlos Almeida. A melhora já se verifica no comportamento dos brasileiros mais jovens e dos mais escolarizados.

É preciso que a educação seja mais levada a sério, pois ela é causa e conseqüência de uma sociedade ser considerada moderna ou arcaica. Ambos adjetivos podem ser atribuídos à sociedade brasileira. “O país não é um bloco monolítico, mas uma sociedade profundamente dividida. O Brasil, na verdade, são dois países separados, num verdadeiro apartheid cultural”, afirma o autor. Ele declara que “entre os fatores que determinam esse abismo entre brasileiros, um dos mais importantes é a escolaridade”.

Tanto na educação quanto em outros aspectos o que falta no Brasil é distribuição justa e igualitária. Deve-se também ficar atento para a qualidade e não apenas para a quantidade, o que tem ocorrido ultimamente com o número indiscriminado de cursos e faculdades sendo abertas, somente visando o lucro de seus donos e esquecendo-se dos verdadeiros objetivos de uma instituição de ensino. Tem-se que ensinar com qualidade e que preparar os alunos para terem uma visão mais abrangente do mundo, não somente ensinar técnicas profissionais.





Para saber mais:

A cabeça do brasileiro
Autor: Alberto Carlos Almeida
Editora Record



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