Federico Aubele foi uma surpresa nas minhas “cutucadas” pela net. Qual não foi a minha surpresa ao descobrir um músico da estirpe deste argentino. Aos 35 anos, esse portenho que estudou música na França (emigrou para Berlim em 2001... isso mesmo... o ano da tal crise na Argentina!), já lançou dois discos. O primeiro chama-se Gran Hotel Buenos Aires (2003), o segundo é intitulado Panamericana (2007).
Aubele mescla jazz, tango, bolero, a guitarra flamenca, música eletrônica... tudo vira uma mistura que dá um excelente resultado que pode ser conferida nos trabalhos dele. No primeiro trabalho, a presença dos beats eletrônicos é forte, algo que poderia ser comparado ao conterrâneo Bajofondo e também com grande influência da dupla Thievery Comporation (não por acaso... foram os dois DJs estadunidenses que produziram o primeiro CD de Aubele) e do mestre Astor Piazzolla. Os vocais sensuais ficam por conta de sua amiga Sumaia.
No segundo trabalho, mais experiente, o músico apresenta uma identidade mais firme. Pode-se escutar mais a voz de Aubele – que até então preferia ficar apenas no violão – assim como as canções estão mais “latinas”. O produto final é impecável... Sensualidade, suavidade... Algo que pode fazer o ouvinte fechar os olhos e sonhar que está em um café, na capital portenha, durante a primavera. Em entrevista à revista Rolling Stone da Argentina (20/10/2008), o músico disse que quando fez Gran Hotel Buenos Aires sentia falta de Buenos Aires sem se dar conta, mas que com Panamericana a saudade era consciente. “A nostalgia te faz ver coisas de outro ângulo”, comentou. Comentário mais “tanguero” não há!
Federico Aubele é uma prova de que conservar a cultura nem sempre é ir contra o mercado. “Em determinados contextos, se você conserva a sua cultura, se torna mais interessante. Quando eu gravava as demos, pensava em incluir algum tema em inglês, porém os produtores me disseram que não, que temas em inglês havia de sobra. O mais exótico era que fosse tudo em espanhol”, comentou à Rolling Stone. Os fãs da boa música agradecem! E para os brasileiros que escutam as músicas de Aubele, saibam que há um “dedinho” brazuca no meio. Uma das cantoras que o argentino escutava enquanto estava em Berlim era Bebel Gilberto.
Myspace de Federico Aubele.
Um comentário:
Oi Juliana,
Resolvi deixar uma mensagem para dizer que seu blog é fantástico. Estava procurando Guattari e Caosmose e aportei aqui. Sou professor de direito, já fiz (em parte) comunicação e filosofia. Já que você está lendo Casares, tem literatura argentina no meu blog e te indico Oliverio Girondo. O caminho é mausamaritano.blogspot.com . Suerte
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