Jan, Jule e Peter: três jovens revolucionários que querem “educar” a elite alemã. Sim... educar, pois eles se intitulam de “Os educadores”, daí o título do filme. Seguindo o exemplo de Adeus, Lênin (com Daniel Brühl, mesmo ator que faz Jan), o enredo mostra um pouco da sociedade da Alemanha, que sofre há anos com toda a história política e social. A conturbação nesse país europeu vai desde antes do tempo do Früher, passando pela separação entre Alemanha Oriental e Ocidental, até os dias de hoje, nos quais os teutos se vêem ameaçados com uma possível instabilidade econômica e demonstraram isso nas urnas.
Mas The Edukators apresenta uma faceta da juventude atual que poderia fazer parte de qualquer lugar do mundo. Não existe mais um ideal certo, um inimigo claro contra o qual lutar como nos anos 60 ou 70. É como Jan diz, o que era revolucionário nessa época, hoje está nas prateleiras para ser vendidos e dar lucro. Ele até mesmo cita as inúmeras camisetas de Che Guevara (algo que eu já havia comentado no texto anterior). O fato é que não existe ideologia e, quando há, ela é o retrato do pós-modernismo: inconstante, múltipla. A prova é tamanha que Jan diz a Jule que, quando se observa mais do que se age, vive-se numa Matrix. Todos nós estamos vivendo numa, pois somos agentes passivos de uma história que está sendo feita “para” nós e não “por” nós.
Durante o filme somos levados a pensar o quanto nos rendemos ao sistema capitalista, mesmo sem percebermos. Hardenberg (milionário seqüestrado pelos três jovens) é uma prova da transformação feita pelo capitalismo, já que ele próprio foi um militante. É como ele afirma, “aos poucos vai acontecendo e você não percebe. Um dia você troca seu carro velho; no outro constitui uma família e quer uma casa boa...”.
É se deixando levar por essa mutação (in)consciente que compramos dezenas de roupas que não usamos; sapatos que valem uma fortuna, porém custam muito menos, porque são feitos por mão-de-obra barata, exploração infantil... Você pergunta: “É eu com isso?” Vou deixar os educadores responderem: “Manche Leute ändern sich nie” (Algumas pessoas nunca mudam.)
Entrevista com o diretor Hans Weingartner.
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