Primeiramente, gostaria de dizer que caso você não concorde com minhas ideias ou tenha suas opiniões e anseio expô-las, faça isso em um fórum ou grupo apropriado, num local onde pessoas que tenham as mesmas ideias que você costumam entrar em contato. Não estou obrigando ninguém a concordar comigo nem a ler este texto. Se você está lendo, saiba que foi por livre e espontânea vontade. Gostaria também de dizer que o BLOG É MEU, escrevo sobre o que eu bem entender e antes de me acusarem de grosseira, intolerante, fundamentalista, pergunte a si mesmo se não é você que está agindo assim. Antes de dizer que o Brasil é um país democrático, no qual impera a liberdade de expressão e de culto, SAIBA RESPEITAR A MINHA LIBERDADE DE EXPRESSÃO!
Dito tudo isso, vamos às considerações...
Para mim, a notícia foi vista – e sobretudo, sentida – como um verdadeiro paradoxo. Senti – aliás, sinto – um misto de anseio e esperança para saber quem será o escolhido, quem ocupará o Trono de Pedro. No entanto, também sinto uma angústia, um aperto bem forte lá no peito (o qual chega até mesmo a ser físico) quando penso que Bento XVI já não será mais Papa.
Lembro-me como hoje do dia em que foi dito Habemus Papam. Era dia de eu ter aula de ter prova de alemão e – coincidência ou não – a prova foi adiada. Apesar das críticas e das notícias tenebrosas adjetivando Bento XVI de uma maneira simplista e preconceituosa, tinha a certeza de que seria um bom Vigário de Cristo.
Hoje posso dizer que me sinto mais juventude de Bento XVI do que de João Paulo II. Alguns podem criticar e achar que é pieguismo porque ele está deixando o Vaticano, mas, ele é o Papa do meu retorno às ligações mais fortes com a Igreja e o Papa de minha primeira Jornada Mundial da Juventude.
Ao ver Bento XVI tão de perto, com aquele sorriso sereno, uma paz inexplicável invadiu meu coração e pensei instantaneamente: “Se todos se permitissem sentir a beleza e a paz de espírito ao se estar perto dele, não diriam tantas barbaridades”.
Mas há um lado que me faz sentir ser ainda mais da geração Bento XVI: o lado filosófico do Papa alemão.
Considero Joseph Ratzinger um dos maiores filósofos deste século. Acredito que ninguém tenha escrito tão bem sobre o silêncio quanto Bento XVI. “O silêncio é parte integrante da comunicação e, sem ele, não há palavras densas de conteúdo. No silêncio, escutamo-nos e conhecemo-nos melhor a nós mesmos, nasce e aprofunda-se o pensamento, compreendemos com maior clareza o que queremos dizer ou aquilo que ouvimos do outro, discernimos como exprimir-nos. Calando, permite-se à outra pessoa que fale e se exprima a si mesma, e permite-nos a nós não ficarmos presos, por falta da adequada confrontação, às nossas palavras e ideias. Deste modo abre-se um espaço de escuta recíproca e torna-se possível uma relação humana mais plena. É no silêncio, por exemplo, que se identificam os momentos mais autênticos da comunicação entre aqueles que se amam: o gesto, a expressão do rosto, o corpo enquanto sinais que manifestam a pessoa. No silêncio, falam a alegria, as preocupações, o sofrimento, que encontram, precisamente nele, uma forma particularmente intensa de expressão. Por isso, do silêncio, deriva uma comunicação ainda mais exigente, que faz apelo à sensibilidade e àquela capacidade de escuta que frequentemente revela a medida e a natureza dos laços. Quando as mensagens e a informação são abundantes, torna-se essencial o silêncio para discernir o que é importante daquilo que é inútil ou acessório.”

Ora, como não pensar no silêncio e nestas sábias palavras ao se ver em um mundo pós-moderno bombardeio por informações. A informação é dada livremente e vendida sem cessar. O homem já não consegue ficar mais só, tem medo, pois confunde (ou é induzido a confundir) o silêncio com a solidão. Querem exemplo maior do que o nosso mais “fiel companheiro”, o celular? Quem não o checa a cada quinze minutos para ver se há uma nova mensagem ou se alguém não quer entrar em contato conosco? Esta busca inconstante em estar em contato com o outro fez perdermos o verdadeiro contato, a vera conexão conosco. Esta conexão deturpada ocasiona tremendas falhas na comunicação, o que em comunicação social é chamado de “ruído”.
Ao fazer um autêntico hino ao silêncio, Bento XVI tenta nos despertar do transe em que a overdose de “comunicação” que sofremos. A dificuldade de se desligar é tão difícil quanto o período de abstinência pelo qual passa um viciado em drogas. Mas os frutos podem ser extremamente proveitosos e revigorantes.
Voltando a falar de Bento XVI e de seus pensamentos, não há como não citar seu último trabalho A infância de Jesus, no qual ele fala dos primeiros anos de Cristo de uma maneira tão singela, mas, ao mesmo tempo tão profunda e nos diz que Deus espera bastante de nós, achando-nos capazes de feitos grandiosos.
É por tudo que relatei neste texto (se fosse falar mais sobre outros escritos de Joseph Ratzinger como Deus caritas est o texto ficaria enorme...) que me senti ainda mais angustiada ao ouvir o irmão do Papa dizer que ele não escreveria mais. Sinto-me órfã de seus belíssimos trabalhos e só tenho uma coisa que gostaria de dizer a Ratzinger: Herlizchen dank!
Para ler mais:
MENSAGEM DO PAPA BENTO XVI PARA O 46º DIA MUNDIAL DAS COMUNICAÇÕES SOCIAIS - «Silêncio e palavra: caminho de evangelização»
Deus caritas est