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sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Confissões de um assassino econômico

Confissões de um assassino econômico deveria ser um livro de leitura obrigatória para todos aqueles que se perguntam o motivo das desigualdades sociais, do imperialismo americano e da submissão de países periféricos aos que se consideram de “Primeiro Mundo”. Algumas das respostas podem estar nesta obra escrita pelo americano John Perkins, um assassino econômico confesso.

Mas, espera um pouco. Você deve estar se perguntando... o que é um assassino econômico, o que ele faz... mata a economia?!?! Calma, calma... Segundo o autor, “assassinos econômicos são profissionais altamente remunerados cujo trabalho é lesar países de todo o mundo, desviando recursos da ordem de trilhões de dólares. Entre seus instrumentos de trabalho incluem-se relatórios adulterados, pleitos eleitorais fraudulentos, subornos, extorsões, sexo e assassinato”.

O termo “assassino” faz mais jus a palavra ao se notar, no decorrer no livro, que eles não só destroem a economia, assim como, conseqüentemente, acabam com aqueles que dela dependem. Algumas vezes chegam até a tirar a vida para não ter os interesses da nação imperialista abalados.

Foi o caso dos presidentes do Equador (Jaime Roldós) e do Panamá (Omar Torrijos), os quais não se subjugavam às ordens estadunidenses e queriam lutar pelo povo. A imagem que os yankees passavam de ambos era de que seriam ditadores que precisavam ser detidos.

Você, possivelmente, ficará pasmo ao ver como os Estados Unidos invadiram o Panamá sem motivo, ou melhor, como o único motivo seria o controle do Canal do Panamá, o qual foi criado através do acordo de um francês com um americano... Isso mesmo... sem panamenhos na jogada!!

No livro, ainda se verifica que a raiva que George Bush sentia por Saddam Hussein não passava de uma sede de vingança porque seu pai não conseguiu domar o iraquiano. Além de ler que Hugo Chávez escapou de ser o próximo alvo porque, na mesma época em que começava a importunar os EUA, houve o trágico 11 de setembro.

Confesso que não sabia da importância econômica que a Venezuela tinha e fiquei bastante surpresa ao saber que o nosso vizinho já chegou a ser o maior exportador de petróleo no mundo! Isso ocorreu em 1930 após um fenômeno geológico, em 1922, quando cerca de 300 mil barris de petróleo jorraram da terra durante três dias na região de Maracaibo.

Entretanto, na década de 1980, os assassinos econômicos, as grandes corporações, interferiram na Venezuela e o desastre teve início. Com uma grande dívida externa, o Fundo Monetário Internacional (uma das ferramentas da corporatocracia) pressionou Caracas a apoiar as grandes empresas, criando tumultos e mortes. Foi neste cenário que Hugo Chávez apareceu como o salvador dos pobres, os quais haviam aumentado consideravelmente, haja vista que a renda per capita venezuelana caiu mais de quarenta por cento entre 1978 e 2003.

Talvez tenhamos chegado a esse ponto por sermos egoístas; creio que o capitalismo nos tornou assim. Eu mesmo sou egoísta, todos nós somos – e temos que ser em certo ponto, por conta da violência e da insensibilidade a qual somos sujeitados, do medo que nos rege 24 horas, ou mesmo, do instinto de sobrevivência que temos que ter atualmente.

Além disso, estamos intimamente envolvidos com todos esses acontecimentos atrozes. “Seria ótimo se pudéssemos simplesmente pôr toda a culpa em uma conspiração, mas não podemos. O império depende da eficácia de grandes bancos, corporações e governos – a corporatocracia -, mas isso não é uma conspiração. Essa corporatocracia somos nós mesmos – ela existe por nossa causa -, e é por isso, é claro, que a maioria de nós acha difícil tomar uma posição e se opor. Preferimos vislumbrar conspiradores tramando nas sombras, porque a maioria de nós trabalha para um desses bancos, corporações ou governos, ou de alguma maneira dependem deles para bens e serviços que eles produzem e colocam no mercado. Não podemos morder a mão que nos alimenta”, escreve John Perkins.

Estou aqui tentando seguir um conselho de Perkins, pois fiquei inquieta querendo saber o que poderia fazer. Sinto-me como o passarinho que tenta apagar o incêndio com o bico, mas se todo mundo tentasse, seria muito mais fácil (ou menos difícil?) lutar para se ter um mundo melhor, não só por nós, mas pelas próximas gerações. Por que não começar a corrente? Afinal de contas, como diz o escritor, “a responsabilidade é sua de ver a verdade por trás do verniz e expô-la. Converse com a sua família e amigos; espalhe a notícia. (...) Manifeste-se toda vez que aparecer um fórum em que você possa participar, escreva cartas e e-mails, telefone para expor as suas dúvidas e preocupações, vote a favor de diretorias de escolas mais esclarecidas, comissões de bairro e organizações locais. Quando você tiver de comprar alguma coisa, faça-o de maneira consciente; sinta-se comprometido com o que faz”.

Serviço:
Confissões de um assassino econômico
Autor: John Perkins
Editora Cultrix

Para maiores informações sobre o autor acesse:

http://www.johnperkins.org/